Para atender exigência de licenciamento ambiental do IBAMA, Petrobras celebra convênio com o ITP buscando descobrir novas habilidades para a geração de emprego

12/07/2018
Ao final da capacitação, alunos receberam certificado, máquinas e cadeiras utilizadas durante as aulas
Ao final da capacitação, alunos receberam certificado, máquinas e cadeiras utilizadas durante as aulas

Para atender aos projetos de compensação exigidos pelo Licenciamento Ambiental Federal, conduzidos pelo Ibama e que estão inseridos no Programa de Educação Ambiental de Comunidades Costeiras (PEAC), a Petrobras e o ITP firmaram convênio com o objetivo de capacitar 30 pessoas no curso de “Corte/Costura, Bordado/Crochê e Pintura em Tecido”, ofertado no Povoado Mosqueiro, zona de expansão de Aracaju. Ao final do curso, os participantes estavam aptos para descobrir novas vocações autossustentáveis e, desta forma, gerarem emprego e renda. 

Os produtos desenvolvidos ao final do curso foram voltados para o segmento moda praia e turismo, umas das características fortes da região do Mosqueiro. Cada participante recebeu, através de termo de doação do Convênio, a máquina de costura e a cadeira utilizadas durante as aulas. Iniciada em março deste ano, a capacitação foi dividida em módulos, para que, ao final do período, todos os alunos estivessem aptos nas modalidades ofertadas e pudessem produzir todo o material que foi apresentado no desfile realizado após a solenidade de entrega dos certificados e dos equipamentos, ocorrida no final do mês de junho.

A coleção moda praia para o verão 2018/2019, intitulada de Pôr do Sol, foi produzida durante os meses de maio e junho, tendo como inspiração os elementos da região, como o mar, os peixes e os coqueiros. Shorts, saídas de praia, vestidos, bolsas e outros tipos de vestimentas que podem ser usadas, inclusive, durante um passeio descontraído estão distribuídas em oito linhas: Solar, Sol & Mar, Marina, Frescor, Gradil, Natural, Veraneio, e Veraneio e Mar.

O evento foi prestigiado por membros do ITP, dentre eles o presidente do Instituto, o Dr. Diego Menezes, o fiscal do convênio do PEAC na Petrobras UO-SEAL, Camilo Lelis, e o diretor-presidente do IDSS, Mario Batestti. “Não oferecemos uma capacitação completa nessas áreas. A ideia foi despertar o gosto e dar a base, mas uma boa base, tanto que com os ensinamentos que receberam conseguiram desenvolver peças em tecidos planos, com costuras retas e, agora, têm a capacidade de produzir os itens, como os cerca de 50 que fizeram para a coleção apresentada”, explicou Roberta Araújo Almeida, gestora de projetos em Aracaju e consultora de projetos do Instituto de Design Social e Sustentável (IDSS), empresa responsável pelo treinamento.

 VENCENDO LIMITES

Cerca de 50 peças foram produzidas e catalogadas para o desfile

Para o presidente do Instituto de Tecnologia e Pesquisa, o Dr. Diego Menezes, a capacitação oferecida é a possibilidade de mudança real da condição de vida dos participantes, pois aprenderam uma atividade atemporal e que é geradora de renda. “Através desta parceria com a Petrobras pudemos oferecer à comunidade do Mosqueiro uma nova perspectiva, porque não entregamos o peixe pronto, ensinamos a pescar para que as ações continuem. Estamos acostumados a trabalhar com ciência, tecnologia e inovação dentro dos laboratórios do Instituto, mas sempre voltados para os anseios da população. Com o PEAC ultrapassamos os muros do ITP e viemos unir, do lado de fora, tecnologia e inovação social, e estamos felizes em saber que é muito possível, e a prova foi a linda coleção apresentada durante o desfile”, declarou.

O resultado também surpreendeu o fiscal do PEAC da Petrobras UO-SEAL, Camilo Lelis, que prevê muito sucesso para os capacitados, porque têm, dentre outras características positivas, segundo ele, criatividade, como demonstraram nas peças confeccionadas. Para Lelis, a satisfação das pessoas em reconhecerem que o curso foi algo bom e que ajudará na melhoria do padrão de vida foi outro ponto que chamou a atenção dele. “O PEAC nos deixou muito próximos das comunidades, e isso para nós é uma ação grandiosa. Tenham a certeza de que está sendo e que será um sucesso”, declarou.

Para Mário Batestti, presidente da IDSS, empresa executora da capacitação, olhar as fotos de promoção das peças confeccionadas e fazer uma comparação com o primeiro dia de aula, quando cerca de 90% dos capacitados não possuíam qualquer noção sobre corte, costura, bordado, crochê e pintura em tecido, é a prova de que o projeto cumpriu com excelência a missão. “Finalizarmos o curso e vermos as pessoas sorrindo, o conhecimento que foi ensinado aplicado nas peças, nos dá a certeza de que cumprimos o nosso dever, e mais, que colaboramos para que os beneficiados se tornem melhores pessoas e excelentes profissionais”, enfatizou.

OS MOTIVOS DO CURSO

A escolha pela capacitação em corte e costura foi dos moradores da comunidade, com o intuito de valorizar a atividade artesanal, a identidade cultural, as habilidades dos participantes e as relações existentes nos grupos, desejo expresso aos representantes da Petrobras (UO-SEAL) através das reuniões com os membros da localidade. A comunidade demonstrou interesse por algo alternativo à pesca artesanal por ela ser uma atividade de risco, e por dar pouco retorno financeiro devido à escassez do pescado ou mariscos, dia após dia.

Camilo Lelis, Aline Leite, Rogelina Brito, Dr. Diego Menezes e Mário Batestti

“A coisa por aqui tem ficado muito difícil, por isso, quando soube do curso me inscrevi logo, até porque sempre tive o sonho de costurar, de aprender a cortar”, declarou Rogelina Brito de Souza, marisqueira de 56 anos de idade e uma das capacitadas pelo programa. O manejo do tecido e da máquina de costura é a possibilidade de renda extra para a família, que sobrevive com um salário mínimo recebido pelo companheiro de Rogelina, e com o pouco que ela consegue da venda do catado de mariscos.

Quem estava ansiosa para receber o certificado de conclusão da capacitação era a dona de casa Maria Aparecida Rodrigues Santos, 27 anos de idade. Casada e mãe de um filho, disse ter se identificado muito com o curso de pintura em tecido, e que, junto com outras colegas, já tem algumas peças de roupas encomendadas. “Como cada colega do curso se deu melhor em uma área, nos organizamos e decidimos trabalhar em equipe e juntas vamos atender os pedidos das clientes, que por sinal, já estão chegando. Ficarei com a pintura do que for feito”, contou toda sorridente.

Camilo Lelis e Maria Aparecida

O público-alvo das peças que serão confeccionadas por Maria Aparecida e pelas colegas de turma serão os turistas que visitam a Orla Pôr do Sol, cujo fluxo é evidenciado por causa da ponte Joel Silveira, trajeto muito utilizado por quem vai de Aracaju a Salvador ou o inverso. “Lá na Orla Pôr do Sol não tem artesanato para ser vendido, somente comida e bebida. O turista procura por coisa diferente e não encontra. Agora vai ter, porque estamos, inclusive, fazendo peças com o que eles querem ver, que é o sol, o coco, o peixe”, comentou a aluna.

Ariolina Santos e Dr. Diego Menezes

Para a marisqueira Ariolina Santos, 45 anos, casada e mãe de dois filhos, o curso patrocinado pela Petrobras e coordenado pelo ITP foi a oportunidade de voltar a estar socialmente inserida na comunidade onde mora desde o nascimento, pois desde os 21 anos de idade, quando teve o primeiro filho, viu-se obrigada “engavetar” muitos sonhos para poder cuidar do bebê, portador de paralisa cerebral. “Agora, que ele tem 24 anos, consegui dar uma fugidinha para vir para o curso e foi muito bom não só por aprender algo, mas por conviver com gente, por trabalhar com gente”, comentou.



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