Após quatro dias de intensas discussões, foi encerrado nesta sexta-feira, 6 de dezembro, o 4° Simpósio Interdisciplinar em Saúde e Ambiente, promovido através de parceria entre o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e a Universidade Tiradentes (Unit). O evento foi destinado a pesquisadores, docentes, alunos da graduação, Pós-Graduação e para outros profissionais das áreas mencionadas.
A abertura oficial contou com a presença do pesquisador Marcus Lira Brandão, doutor em Farmacologia pela Universidade de São Paulo e que ministrou a palestra ‘Interface sensoriomotora do medo e da ansiedade: meditação dopaminérgica’, tema que tem sido trabalhado por ele há cerca de 40 anos. “Recentemente fizemos achados que certamente nos ajudarão a entender melhor esses distúrbios mentais, particularmente, alguns relacionados à ansiedade. Nossa perspectiva é que eles possam contribuir para que entendamos melhor o que ocorre com nosso cérebro durante esses estados mentais alterados e, desta forma, possamos efetivamente intervir de maneira apropriada para aliviar, para minorar o sofrimento das pessoas”, declarou o cientista.
De acordo com Dr. Marcus Lira, a ansiedade e o medo podem ser resultados de, basicamente, três fatores: o biológico, uma vez que a pessoa tem que ter suscetibilidade a apresentar uma alteração em função desses eventos estressantes do dia-a-dia. Segundo, os fatores sociais, pois, como explicou o pesquisador, estar em meio a uma sociedade que tem se tornando cada vez mais competitiva leva a conflitos internos e, às vezes, de difícil resolução pelos indivíduos. O terceiro fator seria o psicológico, já que algumas pessoas apresentam dificuldade em lidar com os estímulos estressantes de natureza condicionada ou incondicionada, e que acabam resultando, até, em conflitos que ameaçam a própria existência do ser humano.
“Um exemplo deste terceiro fator seria uma colisão entre carros, mesmo sem ter havido algo grave, e o indivíduo sai do veículo para resolver a questão da maneira mais tempestuosa possível”, observou o pesquisador. Dr. Marcus Lira atua na área da neuropsicofarmacologia e neurobiologia do medo e da ansiedade, e é pesquisador 1A do CNPq. Também é diretor do Instituto de Neurociências e Comportamento/SP, onde desenvolve pesquisas e trabalhos de educação e popularização em ciência e tecnologia; é membro titular da Academia Brasileira de Ciências, tendo recebido, em 2015, o Prêmio de Excelência Acadêmica CAPES-Elsevier e, em 2017, a Medalha Neurociências Brasil pela Sociedade Brasileira de Neurociências e Comportamento.
O SIRSA
“Foram três dias com oficinas, mesas redondas, palestras e apresentação de trabalhos científicos, atividades que proporcionaram um ambiente favorável para o compartilhamento e a discussão de temas relevantes das áreas de saúde, ambiente e correlatas. Ao final do 4° SIRSA premiamos os melhores trabalhos científicos e que foram escolhidos pela comissão avaliadora”, disse a coordenadora do evento, a pesquisadora do ITP, Dra. Maria Nogueira. A interdisciplinaridade do evento aconteceu, ainda, em virtude da participação dos seguintes laboratórios do ITP: Biologia Tropical, Biomateriais, Doenças Infecciosas e Parasitárias, Planejamento e Promoção à Saúde, Morfologia e Patologia Experimental, e de Estudos Biológicos e Produtos Naturais.
Dentre as questões abordadas durante o SIRSA esteve o tema “Abordagens experimentais em modelos animais para o estudo de produtos naturais na inflamação e dor”, tema apresentado por Enilton Aparecido Camargo, Dr. em Farmacologia pela Universidade Estadual de Campinas e cujos estudos estão focados para a utilização de produtos naturais ou compostos derivados para o tratamento de condições inflamatórias e dolorosas. Propriedade intelectual, ética na pesquisa, recursos hídricos, ambiente e saúde do portador de deficiência e os novos rumos da divulgação científica foram alguns dos temas discutidos no simpósio.
“Esperamos que a vivência e a troca de experiência entre acadêmicos e profissionais, com distintas expertises, fomentem a geração de pesquisas interdisciplinares e a consolidação de parcerias”, reforçou a pesquisadora Dra. Maria Nogueira. Para o presidente do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP) e Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Unit, Dr. Diego Menezes, envolver atores das mais diversas áreas para debater sobre dois temas importantes, sendo um deles saúde, porém, uma saúde para além do sentido de estar ou não doente; e o outro ambiente, também em um sentido mais amplo, foi uma ação importantíssima.
“Destaco como um momento riquíssimo do evento o workshop interdisciplinar do Programa de Pós-Graduação em Saúde e Ambiente, pois, nele, alunos e professores avaliaram o ano que tiveram, identificaram as fragilidades, pensaram em meios para saná-las e, desta forma, poder tornar o Programa ainda mais forte” finalizou Dr. Diego Menezes.
