“Estar na ABIPTI é o resultado do meu amor pela ciência”

10/08/2020

Por Andréa Moura

Uma vida dedicada à Ciência, Tecnologia e Inovação, tanto como pesquisador das áreas de quimioterapia antiparasitária e oncologia, quanto como gestor, tem gerado bons frutos ao Dr. Diego Menezes, que atualmente exerce os cargos de Presidente do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP); Pró-Reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão da Universidade Tiradentes (UNIT); Representante Nacional das Instituições de Ensino Superior Privadas do Brasil e membro de conselhos de administração de entidades de grande importância como a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência, Tecnologia e Inovação do Estado de Sergipe; de Parques Tecnológicos e de Fundações de Amparo à Pesquisa (FAPs), dentre outras agências de fomento nacionais e internacionais.

Além dos vários desafios acumulados, no último dia 28 de julho Dr. Diego foi eleito, por ampla maioria, como Vice-Presidente da Associação Brasileira das Instituições de Pesquisa Tecnológica e Inovação (ABIPTI) - representando a região Nordeste. A ABIPTI foi criada em 1975, reúne Instituições, Empresas públicas e privadas, e está presente em todos os estados da Federação e no Distrito Federal, onde encontra-se a sede. A entidade tem como missão principal assessorar o Congresso Nacional nas tomadas de decisões estratégicas na área de CT&I, bem como representar e promover a participação dessas entidades no estabelecimento e na execução de políticas voltadas para o Sistema Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, possuindo estreita parceria com os Conselhos Nacionais e Fundações de Amparo, além do Fórum de Secretários Municipais da Área de C&T. Conversamos com o Dr. Diego Menezes sobre mais este novo desafio profissional, e aproveitamos para falar um pouco sobre a paixão dele pela área da gestão, mesmo tendo formação na área da saúde. Os principais trechos desta conversa você confere a seguir:

ASCOM ITP - Estando ligado a várias e importantes entidades que atuam na área de C&T, qual a relevância em assumir mais este novo desafio?

DIEGO MENEZES –  Ser eleito para a Vice-presidência da ABIPTI representando a região Nordeste é motivo de imensa alegria, pois, estou recebendo mais uma importante oportunidade de poder contribuir para o sistema de ciência, tecnologia e inovação do nosso país. A ABIPIT tem como principal função estabelecer o diálogo entre a ciência e a tecnologia, ou seja, prover, de fato, a inovação. A Associação conversa com os setores acadêmico e produtivo, então, o papel que ela possui dentro do cenário nacional e internacional é exatamente o de prover estímulos para que a pesquisa consiga “sair da bancada”, do conhecimento básico, e seja transformada em produtos e processos que serão inseridos no mercado para gerar benefícios à sociedade. A ABIPTI atua de forma muito efetiva através da capacitação de recursos humanos, do assessoramento ao Congresso Nacional, com quem dialoga intimamente por meio da Comissão Mista Especial de Ciência, Tecnologia e Inovação oferecendo apoio técnico-cientifico para que os parlamentares possam tomar as decisões mais assertivas em prol do desenvolvimento cientifico nacional, além de possuir forte relacionamento com o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações. Além de tudo isto, também conecta diversas entidades de empreendedorismo e inovação de grande relevância nacional e reúne um banco de oportunidades para prover um frutífero diálogo entre a necessidade social (Mercado) e a geração de conhecimento (Academia).

AITP - A ABIPTI está muito ligada ao governo Federal, porém, não faz parte dele, correto?

D.M. – A ABIPTI é bem consolidada e reúne os principais atores do ecossistema público, privado e de terceiro setor de C,T&I, porém, tem identidade autônoma. Desde a criação ela tem participado de grandes marcos nacionais. Teve, por exemplo, assento e contribuição direta no Marco Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação; vem realizando treinamentos e capacitações, no âmbito nacional, de gestores, pesquisadores e técnicos. No ano passado promoveu a 1ª Missão Técnica Internacional Brasil e Israel, proporcionando vivência de vários gestores brasileiros naquele país para que pudessem conhecer um pouco do ecossistema empreendedor israelense, que é referência mundial. Para o próximo biênio, (2020/2022) a gestão, que continua sob a presidência do Dr. Paulo Foina, pois, fora reeleito no último dia 28 de julho, tem um plano de trabalho bem definido. Um dos pontos mais relevantes é a reunião das plataformas e criação de um portal que agregará as principais tecnologias desenvolvidas no âmbito nacional para que o segmento privado possa acessar e incorporar essas tecnologias.

AITP - Em algumas áreas do conhecimento o Brasil se destaca na produção científica, porém, isto não tem reverberado muito na questão tecnológica. A que isso se deve?

D.M. – O Brasil possui grande destaque nacional e internacional pela qualidade da produção cientifica, mas, o País ainda se encontra muito aquém do potencial que possui, face à grande diversidade territorial, a biodiversidade e riqueza cultural que possui e, sobretudo, ao potencial criativo do nosso povo. Esse “amadurecimento” tecnológico é totalmente compreensivo, pois, a inovação passou a fazer parte das nossas agendas estratégicas mais acentuadamente a partir de 2004 com a vigência da Lei 10.973, que estabelece medidas de incentivo à inovação e à pesquisa científica e tecnológica no ambiente produtivo com vistas à capacitação tecnológica, ao alcance da autonomia tecnológica e ao desenvolvimento do sistema produtivo nacional e regional do País. Assim, algumas áreas foram impulsionadas e vêm contribuindo para o avanço inovador da Nação. Neste momento de quadro pandêmico (COVID-19), por exemplo, o País tem dado contribuições importantes em termos de conhecimento científico, porém, percebemos que, infelizmente, o Brasil ainda não tem uma proposta genuína de vacina, apenas participa de alguns estudos internacionais, porém, não como protagonista da descoberta.

AITP - Isto poderia ser resultado da “pouca idade” do País no quesito inovação?

D.M. - Sabemos que ainda somos muito jovens na área da inovação, que geramos, registramos e protegemos muito conhecimento, só que transferimos e licenciamos pouca tecnologia e o nosso maior desafio, enquanto membro da diretoria da ABIPTI é justamente este: ajudar a impulsionar as transferências e licenciamentos de tecnologia, pois, algumas lacunas devem ser superadas para que, de fato, o Brasil esteja mais apto a aumentar a capacidade produtiva com valor agregado. Para tanto, uma das ações junto à ABIPTI é justamente entender, identificar e dialogar sobre os gargalos existentes. Neste ponto, o cargo que assumo converge para outro que também exerço, mas, que é mais vocacionado para o âmbito acadêmico: o cargo de representante do segmento privado dentro do Fórum Nacional de Pró-Reitores de Pós-Graduação e Pesquisa, o FOPROP. Através do Fórum temos a oportunidade de dialogar com a Academia, e agora, por meio da ABIPIT, teremos a oportunidade de dialogar com o segmento produtivo. Por isso, creio que meu principal desafio do ponto de vista de contribuição para esta gestão, seja justamente o de impulsionar esse diálogo entre a Academia e o setor produtivo.

AITP - Como Vice-presidente da ABIPTI representando a região Nordeste, e pelo seu caminhar na área da ciência, o senhor já possui relacionamento com algumas entidades científicas da regional. Como planeja estar mais perto delas e trazer para o âmbito da Instituição as que ainda não estão?

DM - Uma das funções da ABIPTI é a promoção de cursos e capacitações a partir de um planejamento nacional que será direcionado pelo nosso presidente. Teremos ações regionais e elas partirão de um diagnóstico feito junto às entidades associadas e, posteriormente, ampliando o estudo para alcançarmos as entidades que ainda não estão associadas e podem agregar valor para uma representação maior, sobretudo, da região Nordeste. O pensamento da gestão não é segmentado por região, porém, a segmentação na hora das ações ocorrerá para que haja maior efetividade de diálogo e atenção às regionais, afinal de contas, cada uma tem sua peculiaridade cultural, desafios que lhes são próprios e, para dar devolutivas às regionais é necessário entender quais são os principais desafios de gestão, dos empreendedores, e trabalhar junto a essas instituições para impulsionar a inovação no âmbito social. Porém, os pensamentos e as ações da ABIPTI são sinérgicos e a convergência é sempre para a realização de políticas nacionais. Outro aspecto bem importante que converge com esta necessidade é o fato de ter tido, ou melhor, de ainda ter, grande atuação junto ao FORTEC, que é o Fórum Nacional de Inovação e Transferência de Tecnologia, do qual sou docente do Mestrado Acadêmico, o PROFINIT, um programa formado por uma rede nacional de ciência, tecnologia e de inovação, e acredito que conseguiremos colocar diferentes atores do mesmo cenário para dialogar entre si. Nosso principal papel é criar um ecossistema sinérgico no âmbito nacional, como é enfatizado pelo Presidente, Dr. Paulo Foina.

AITP - Em Sergipe, a ABIPTI tem quatro instituições associadas: o ITP, o ITPS, a FAPITEC e a Embrapa. Pelo que o senhor conhece da C&T Sergipe, existem muitas entidades, indústrias ou empresas que possam ser agregadas?

D.M.- Sim! Tem o SergipeTec, que é o nosso parque tecnológico estadual, além de uma cadeia empresarial exportadora muito grande, como de minério e de frutas, sem falar cadeia de Petróleo e Gás Natural, especialmente com a chegada da Celse a Sergipe. O papel da ABIPTI é, também, o de capacitar empresas para impulsioná-las ou criar oportunidade de diálogo com empresas correlatas para ampliação de relacionamentos.

AITP - Na sua opinião, o que te habilitou a assumir um cargo tão importante?

D.M. - A gente precisa considerar não apenas a minha trajetória, mas, também, todas as instituições nas quais já atuei e nas que estou atualmente. A Fundação Oswaldo Cruz me deu todo o alicerce de formação acadêmica; a Escola Bahiana de Medicina e Saúde Pública possibilitou que tivesse uma ação mais próxima do FORTEC, das Câmaras Técnicas de Ciência, Tecnologia e Inovação, e de órgãos correlatos. Mais recentemente, desde 2016, o Grupo Tiradentes me deu a oportunidade de presidir o Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP),  entidade de grande reconhecimento nacional e internacional, além de estar como Pró-Reitor da Universidade Tiradentes (UNIT), o que me permitiu ingressar, através de eleição, no FOPROP. Para além disso, em Sergipe, também faço parte dos Conselhos de Administração da SEDETEC, do ITPS, do SergipeTec e da FAPITEC. Portanto, tal trajetória vem sendo construída degrau por degrau e ainda há um longo caminho a ser percorrido, mas, é importante olhar para trás e perceber que algumas contribuições foram feitas nos âmbitos local e nacional através de representação nas comunidades nas quais atuamos em prol da defesa da ciência, tecnologia e inovação, e essa identificação pessoal me acompanha em todas as ações, em toda as oportunidades que tenho em poder contribuir para o desenvolvimento da área. Hoje, participo de um grupo de trabalho de extrema relevância na CAPES, onde estamos discutindo os novos indicadores nacionais para os programas de fomento à pesquisa e de formação de recursos humanos. Assim tem sido ao longo desses 20 anos de dedicação, desde quando entrei na FIOCRUZ e até hoje, no Grupo Tiradentes. Espero poder continuar aprendendo e compartilhando o aprendizado na área de C,I&T por muitos anos.

AITP - Professor de programas de Mestrados e Doutorados, conselheiro de diversas entidades de C&T, Pró-Reitor de uma das maiores universidades particulares do País e presidente do ITP. Como o senhor consegue dar conta de todas essas atividades e equilibrá-las com a vida pessoal?

D.M. - O maior desafio está nisto, em conciliar todas as ações profissionais e a vida pessoal. Mas, no âmbito profissional, todas estas atividades são sincrônicas porque têm a mesma premissa, que é a vocação e a atenção à pesquisa, à ciência e à tecnologia. Então, partindo deste princípio, são apenas oportunidades de dialogar sobre o mesmo assunto com diferentes atores, em diferentes cenários e aprender a cada dia. O que há de mais rico nessa atuação é exatamente ouvir, conviver e aprender com pessoas que estão devotadas a diferentes segmentos da estrutura estadual e nacional, porém, todas pensando exatamente em prol do mesmo assunto. Claro que por vezes isso acaba fazendo com que, em determinados momentos da nossa vida, a gente dê atenção maior à vida profissional e leve a pessoal para um plano adjacente, mas, quando existe amor e vocação não olhamos apenas como trabalho, mas, como identificação, como um dos prazeres que a vida oferece. Então, entendo e concilio muito bem a minha vida profissional e pessoal, de estar perto da minha família que é meu bem mais precioso e meu pilar maior, de onde vêm os meus valores. Além disso, sou sempre inspirado pela presença de Deus na minha vida e, antes que alguém se questione, sou cientista e acredito em Deus, porque, para mim, a ciência e Deus estão muito próximos, na verdade, ela não o renega, pelo contrário ajuda a compreender sua presença nas mais variadas religiões. Enfim, a nossa vida é composta por fases e, em cada uma delas, para cada momento, temos que traçar objetivos. Neste momento o meu maior objetivo é o de consolidar minha carreira profissional, e oportunidades como a de fazer parte da ABIPTI são provenientes de todo empenho, dedicação e esforço que tenho feito, de domingo a domingo. em prol da minha vocação.

AITP - Estar, aos 34 anos  de idade, com tantas e importantes atribuições, não é algo que te deixa tenso, em alguns momentos?

D.M. - Apesar de ter 34 anos comecei minha carreira aos 14 anos e a FIOCRUZ foi o meu berço. Enquanto vários colegas empinavam pipa e jogavam bola eu estava aprendendo a usar um microscópio eletrônico e dedicando meus sábados, domingos e feriados à vida científica, porque, quem trabalha para e pela ciência não tem hora e dia para descansar. É uma identificação e uma filosofia de vida. Apesar de o meu doutorado ter sido na área de Biotecnologia em Saúde e Medicina Investigativa, não quis seguir a área de Saúde porque desde muito cedo me identifiquei com a área científica vocacionada à gestão, e acredito que podemos contribuir de maneira significativa para a ciência estando de jaleco ou substituindo o jaleco por um paletó e gravata, mas, trazendo a mesma responsabilidade e a mesma bagagem norteadora de uma formação sólida na área de saúde, que prima pela vida e bem-estar. Até antes de vir para Sergipe conseguia conciliar minha carreira de gestor à de pesquisador, me dedicava as áreas de quimioterapia antiparasitária e oncologia. A partir do momento que ingressei no Grupo Tiradentes percebi que precisaria fazer uma escolha e decidi dar dedicação plena à área da gestão. Acredito que por ter tido experiência prática, por ter vivido o “chão de fábrica” no âmbito da pesquisa científica da saúde, isso me permita tentar ser um gestor que não pensa apenas na teoria, mas, que consegue nas discussões imaginar o ponto de vista prático, enxergar como aquela decisão que está sendo discutida será operacionalizada na vida real e, com isso, tentar ajudar a propor modelos mais reais, só que mantendo a premissa da qualidade.

AITP - Falando em aliar a teoria à prática, uma das principais reclamações da comunidade científica brasileira está relacionada ao pouquíssimo financiamento, à falta de bolsas e de verbas para se fazer ciência. Você acredita que um dos papeis que a ABIPTI possa desempenhar seja o de buscar, junto ao setor produtivo, mais parcerias para que haja, por parte deles, mais financiamento à ciência.

D.M. – Sem dúvida que um importante papel será o de reforçar, junto ao segmento produtivo, a importância do conhecimento científico e, além disso, o de aprimoramento das leis nacionais e estaduais para que estas possam encontrar meios de valorizar a ciência. A ABIPTI é um órgão consultor do Congresso Nacional e isso ajudará a trilhar esse caminho. Um grande desafio é continuar trabalhando para que o nosso arcabouço legal se torne mais atraente para o segmento produtivo, e que a gente consiga, futuramente, trazer um pouco das experiências dos países mais desenvolvidos, nos quais a maior parte das empresas e indústrias tem ações importantes de fomento e promoção da ciência, da tecnologia e da inovação. Compreendemos que é de responsabilidade governamental a garantida básica do fomento à área, mas, entendemos também que o setor produtivo pode atuar e usufruir mais de todo o conhecimento que é gerado na Academia em prol da competitividade nacional e internacional. Ainda somos um País muito dependente do agronegócio e, de fato, esta é uma vocação do Brasil até pela extensão territorial que possuímos, e isto não é errado, só que, quando aliamos tecnologia às atividades agropecuárias e agroindustriais passamos a agregar mais valor aos bens importados. Hoje, vendemos café para países que não plantam um só “pé” de café, mas, que possuem a tecnologia necessária para transformar o grão em uma cápsula e revendê-la para nós a um preço extremamente mais elevado do que o da nossa matéria-prima, porque são países que compreenderam a importância da tecnologia e se vocacionaram estrategicamente para a indústria de transformação e não de manufatura. Acredito que uma das atuações junto à ABIPTI será, justamente, difundir nossa Lei de Inovação, que oferece vantagens significativas tanto para o setor investidor, pela incorporação de várias tecnologias e aumento da competitividade internacional, quanto para a ambiência acadêmica, que terá a ampliação das possibilidades de acesso a fomento para o desenvolvimento das pesquisas.



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