Ser uma das personalidades mundiais a receber a medalha COLACRO pela expressiva contribuição no desenvolvimento da Cromatografia na América Latina é para poucos. Até o momento, dezesseis pessoas em todo o mundo foram agraciadas e deste total, apenas três no Brasil. A mais recente delas foi a pesquisadora do Instituto de Tecnologia de Sergipe (ITP), a Professora Dra. Elina Bastos Caramão. Ela recebeu a homenagem durante o XVI Congresso Latino Americano de Cromatografia (COLACRO), realizado no início deste mês de janeiro em Lisboa, Portugal. Além dela, os brasileiros Carol Collins e Fernando Mauro Lanças já haviam conseguido este feito.
“Participei como integrante do comitê científico, e como não integrei o grupo que selecionou o medalhista, essa homenagem, para mim, foi uma maravilhosa surpresa”, declarou Elina Bastos. Ela participou do congresso com 15 trabalhos inscritos, tanto do grupo que coordenava na Universidade Federal do Rio Grande do Sul, quanto dos que orienta na Universidade Tiradentes, onde atua desde o ano de 2015. Os trabalhos desenvolvidos pelos alunos do Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Industrial na Universidade Tiradentes, e apresentados no XVI COLACRO foram dois: um sobre a fibra do coco e outro sobre o capim elefante, estudos objetivando a obtenção e caracterização cromatográfica de bio-óleo a partir dessas substâncias.
“Acho que essa medalha é o resultado da participação intensa do meu grupo no COLACRO desde a época em que estava em Porto Alegre”, observou a pesquisadora. Vale a pena destrinchar mais essa “participação intensa”, e uma boa maneira é falando um pouco mais sobre o trabalho desenvolvido por Elina ao longo do tempo. Em 1991 ela defendeu o doutorado e desde então se dedicou a pesquisas constantes sobre a Cromatografia, o que resultou na orientação de vários doutores e mestres na área desde o final dos anos 90. Alguns destes ex-alunos atuam em Sergipe, a exemplo da pesquisadora do ITP e professora da Unit, Laiza Canielas Krause.
COROAMENTO DE UMA CARREIRA
Pesquisadora nível 1 do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Elina Bastos Caramão possui fator de impacto de publicação superior a 20 – classificado como excelente -, e cerca de 140 trabalhos publicados em revistas de renome mundial ligadas à Química e à Cromatografia, a exemplo do Journal of Chromatography e da Analytical Chemistry. Mais que um reconhecimento pessoal, a medalha COLACRO é o incentivo a um recomeço, como a pesquisadora mesma disse.
“Em 2015 decidi me aposentar da UFRGS e vir para Sergipe, começar de novo. Foi um ano diferente, pois tive de reconstruir minha carreira, mesmo a Unit tendo uma excelente estrutura. E foi um ano cheio de coisas boas, pois conseguimos trazer um equipamento de ponta para o NUESC, o GCxGC; trouxemos a Sergipe professores visitantes de altíssimo nível, dentre eles o português José Manuel Nogueira, o australiano Phillip Marriott e o sul africano Akwasi Boateng”, relembrou a pesquisadora. Para Elina Bastos, a medalha não é a coroação de um final de carreira, pelo contrário, é a coroação de um trabalho bem-feito e o estímulo para esta nova fase, iniciada depois dos 60 anos de idade.
“Me igualar a pessoas como o professor Fernando Mauro Lanças, a professora Carol Collins e os professores Harold MacNair e Milton Lee, que receberam a medalha antes de mim, me deu muita alegria. É bom demais ter o nosso trabalho reconhecido e isso me dá ânimo para continuar, até porque não pretendo parar tão cedo, pois sei que tenho muito a ensinar e a aprender também”, comentou. E a medalha não vai dar gás apenas no sentido figurado da palavra, já que após o recebimento da honraria, diversas pessoas foram conversar com a homenageada para firmar parcerias, e ainda, para propor que o próximo Congresso Latino-Americano de Cromatografia, em 2018, seja realizado em Aracaju, possibilidade que tem cerca de 90% de chances de se tornar realidade.
Os projetos da Prof. Dra. Elina Bastos para 2016 são muitos, e dentre eles estão novas orientações de mestrandos e doutorandos, a negociação com a Petrobras para o desenvolvimento de três novos projetos, além de outro em parceria com o Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES). Além das aulas no Programa de Pós-graduação em Biotecnologia Industrial (mestrado e doutorado), Elina Caramão também dá aulas na graduação para os alunos dos cursos de Engenharia Civil, de Produção, de Petróleo, e Engenharia Ambiental. (Na foto em destaque, a Prof. Dra. Elina Bastos está ladeada pelo Prof. Dr. José Nogueira (à esquerda), chairman do Congresso, e pelo Prof. Dr. Fernando Mauro Lanças (à direita) presidente do Instituto Internacional de Cromatografia)
